terça-feira, 27 de março de 2012

Com Oito Reais.

Centenas de pessoas num cubiculo ramificado. Dezenas de musicas se passaram e parece que o DJ nao saiu da primeira. A drag sobe no palco, faz piadas e todos riem. Menos eu. Estou com tedio e tambem nao ha nada de novo nisso. Dois gogo boys malhados e lubrificados como enguias fazendo a aerobica do mel chamando abelhas esqualidas. Olhos dementes param e me perguntam: voce nao dança? To com sono. Me deixa te animar? Ok. Labios, lingua, nada e minha mao afastando sua calcinha. Chega. Ando e pego em cabelos loiros. A cintura de uma bailarina e cerveja para porcos. Ainda nao foi o suficiente. Nao foi nem o inicio de qualquer coisa. Um ímã. Colo nele e sou apresentado ao seu maquiador. Nos sentamos no sofa. Fricçao no bolso e o meu cresce. O amigo cobre a cena e a gloria do sexo oral se faz presente. Mediocremente.

Estilo.

Fiquei so uma vez com ele e esperava, no maximo, uma sessao de suor e desapontamentos pós foda. Veio pela calçada, fumando. Sempre fumando. O jovem Bowie. Boa aparencia e atitude. Voz suave. Nos reconhecemos e fomos andando pela Augusta. Tinhamos coisas em comum. Nossa inadaptaçao. Nosso desprezo beirando a loucura. Nosso cansaço. Me senti a vontade com ele e admiti que nao queria sexo. Nao naquele dia. Para explicitar nossa compatibilidade, ele entendeu. Poucas pessoas compreendem o quanto um devasso pode precisar de uma pausa, de pele sem cobranças e sutilezas. Estiquei meu braço, segurei sua nuca e o puxei. Beijar para selar.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Ali Mesmo.

As portas fechadas e as respiraçoes pesadas de homens velhos e cansados de nao terem nada. Mas acordados, nao reclamam. Ao menos um pouco de dignidade. Quando voce divide o quarto com tres estranhos, nao transa ha duas semanas e ve o futuro como um freezer sexual, bate um certo desespero. Eu quero meter. Quero tirar o peso extra das minhas bolas so que ter nojo do mundo sempre foi um galho de espinhos enterrado bem fundo. Nao melhora. Nao piora. Apenas esta lá, incomodando. Chega de putas mal depiladas cobrando por bocetas estereis ou telefonemas para arvores que cairam ha cento e cinquenta estados de distancia. Tenho que gozar mas nao em carne quente. To na cozinha, emoldurado por mofo, armarios trancados e baratas. Para a praticidade da casa a dona da pensao plantou uma lixeira azul perto da pia. Ate fechada ela fede. Tirei a tampa. Vi comida podre e embalagens de plastico rasgadas.  Boto o pau pra fora e começo. Imagens ideais de bundas impessoais e cus assépticos. Bocas de saliva adstringente e halitos de oxycoda. Alguem pode entrar pela porta. Nao ligo. Ta aberta mesmo e o tesao arrancou pedaços da vergonha. Vai sair. A porra. E sera grossa e em varios jorros.  O lugar perfeito. Vou explodir. Gemidos solitarios. Convulsoes  de semi paraisos sob controle. Cinzas de cigarro cobertas pelo meu alivio.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Sem Dinheiro Para Um Prato Decente. Sem Ninguem Que Eu Queira Comer.

"MEU ADVOGADO ME ACONSELHOU A NAO PARTICIPAR DO SEU PROXIMO FILME"  Mais um daqueles idiotas covardes que se aproximam sonhando com adrenalina e pau cheio de Q.I. Fetiches, cliches e babacas. Pessoas em suas vidas sem graça que veem algo la longe. Que sentem o cheiro de uma gota vermelha ao vento e partem para cima. Querem um anarquista sexy e fodedor. Querem cerebro com tesao. Papai nunca te bateu e hoje voce quer experimentar a dor que te faz falta.  Quer sangrar e ter cicatrizes. Emocionalmente amputados e sexualmente livres. Quer que eu seja seu dono e esfregue minha bota imunda na tua cara. Quer que eu mije em voce ou escute as suas fantasias infantis. Entao me pague porque so grana vai reforçar meu estomago para toda a sua sifilis imaginativa. Quer vomitar neuroses? Vomite as na boca aberta de um cao raivoso. Quer um caralho para te fazer gritar?  Compre um cheio de pregos enferrujados. Se encolher e lamber eternamente apenas um angulo do possivel ou tatuar na testa sua arrogancia miope nao é motivo de orgulho e nao tente me convencer do contrario. Talvez eu me jogue do viaduto ou corte os pulsos depois de cheirar dunas de cocaina. Talvez finalmente eu abra a minha cabeça para o mundo com a ajuda de chumbo ou abrace o ultimo sono com um balde de calmantes. Sao numeros numa tabela de estatisticas. Sao ideias mais dignas do que aceitar o banal com arroz carregado de larvas que voce me oferece.

Zenão.

Sao degraus de madeira. Enquanto subo, eles ficam maiores e mais sujos. O que esta na minha frente agora é uma pequena montanha e estou me perguntando por que tive essa ideia ridicula. Lembro de ter escutado coisas idiotas de pessoas insensatas. Livros duros de mais para a minha idade. Filmes bobos que pareciam dizer uma ou duas verdades. Voce é jovem. Voce acredita. Voce se fode. Escroto é que todos ja foram jovens e babacas entao, por que so eu nessa porra de lugar? Nao é bonito, nao é limpo, nao cheira bem e estou com fome.

sábado, 17 de março de 2012

Eles Roncam. Eu Saio.

Vou deitar e todos roncam. Nao durmo. Nao tem como. Um deles fez do beliche uma tenda e os outros ignorariam um terremoto cataclismico. Sou pobre e eles tambem, mas fico em desvantagem por ter a sensibilidade do filho unico que aceitou sair do conforto. Burro. Cheio de areia nos olhos mas preciso de silencio. Vou pagar uma cabine com o que tenho pra comida. Amanha o estomago grita e me viro porcamente para cala lo. Agora vou me isolar. Ta certo que é uma ilusao mas nao quero ver ninguem, To dando uma fuga da realidade mas antes uma lan que cerveja, cocaina ou futebol. Ao menos uma hora. E quem sabe uma punheta.

Potes De Conserva Viraram Copos.

Liguei praquela garota com os ultimos centavos que eu tinha. Sua voz era o eco de um fantasma timido escondido em uma T.V quebrada. Ela parecia ter dito "oi" e a ligaçao caiu. Os creditos correram e ninguem se entendeu. Ficaram as paredes sujas, um radio velho e meu mau humor. Vontade de me trancar num museu de guerra. Ou ficar na cama por alguns anos. Mas existem dentes dentro do peito e quando eles se fecham eu ando. Quando abrem eu respiro. Pensei que fosse terminar muitos anos atras. Errei. Nunca fui bom de calculo. So uma cabeça dura. Muito dura.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Depois De Pegar As Roupas.

Avenida Angelica, rua Mato Grosso, um peso fudido nas costas, Consolaçao, Augusta, dor, Humaitá e dor. Parar é uma opçao esquecida. Mochila batendo na nuca e os pes cada vez parecendo menos com pes. DOR, DOR e DOR. Em alguns momentos começo a rir porque rir e continuar me afastam do significado disso tudo. Vadias com dinheiro ouvindo sertanejo antes de cuspirem porra, e nóias, sentindo a tentaçao de roubar a pessoa errada. Brigadeiro, Vinte e Tres De Maio e Sé. Oxycontin ainda é sonho mas a dor nao. As luzes das lanternas me lembram um rapido devaneio antes da textura do chao. Liberdade, Taguá e seu lixo. Aposentados, perdidos, drogados e eu. Merda. Merda em varias cores.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Apenas Chupe.

Parece bom e eu sei que voce quer. Dessa vez serei aquele hipocrita legal so para te ver como um animal sem mente fazendo do pior e do melhor. Se vestindo de vergonha bem como imagino toda noite. Voce é linda o suficiente para eu nao vomitar de nojo enquanto tomo banho depois de te comer. Continue falando e te mando pra rua. Pessoas tao burras nao deveriam ter permissao para falar. Me chupe fazendo pressao. Esqueça isso de sentimentalismo. Nao quero uma princesa pura e branca, quero um boquete tao bom quanto o de uma trava. Voce consegue? É pedir muito? Sera que a falta de um pau saindo dentre as suas pernas é realmente capaz de te jogar na classificaçao das coisas inuteis? Putas monossilabicas e heterossexuais. Sair com voces esvazia meus bolsos sem dar nada de valor em troca.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Noite.

Eram como ondas fazendo uma grande oraçao a carne e a vida. Nenhuma igreja jamais entenderá esse tipo de culto. Era noite de Baco e o prazer de um se ligava ao prazer corrente. Nao sabia mais quem me chupava e isso ja tinha perdido importancia. Olhei para a minha amiga e la estava ela, de quatro enquanto um desconhecido a comia. Ela estava feliz e ele tambem. A parceira dele me cavalgava e eu sorria. Braços e pernas encostavam em mim. Maos acariciando meu corpo. Eu era fonte e consumia os gemidos que cobriam cada espaço. Aqueles que ainda estavam timidos se empolgacam em nos ver, se masturbavam e, ou iam para algum canto matar a vontade ou se juntavam a nos. Via paus gozando e  mulheres pedindo por mais um orgasmo. Camisinhas no chao e calcinhas perdidas. Sede, muita sede. Eu precisava de peitos para chupar e eles vinham. Bocas. Bocas. Bocas. Foder e beijar. Algo para beber e vouyerizar um pouco. Outra ereçao e ela se ajoelhando sem nenhuma vergonha. E nao havia motivo para ter. Voltamos para o grande grupo, transamos novamente e fomos embora curtir a brisa da praia. Leves. Bem leves.

domingo, 4 de março de 2012

Playground.

As vezes tento por a mente em branco e esperar pelo fogo. De dentro para fora. Algumas pessoas gostam de ser sufocadas, eu so fico com muita raiva. Coisa antiga e sem cura. Preciso alterar a forma de algo vivo. Permanentemente ou quase. Nao quero uma briga, quero um jogo. Minhas regras, mas dificeis o suficiente para eu poder perder como um idiota. Tempo.