quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Alice.

CIDADE
Estavamos no estudio e os sons eram solidos e qualquer movimento era uma expressao grafica que iria me influenciar. Permeabilidade e sinestesia. Minha consciencia era minima e eu nao ligava pra ela. O computador ligado soltando musicas/esculturas me jogava no chao ou me fazia sair centimetros dele. Souza e Marroquino tambem tinham fumado mas eu era o unico que sentia aquilo. Deve ter relaçao com a minha quase overdose quando eu era traficante. Um traficante de cocaina que tentou vender maconha sem gostar de usar drogas. Praticamente cabaço fui comer o suficiente para uns quatro cigarros de boa erva. Tive alucinaçoes incontrolaveis e gritei de agonia e chorei imbecilmente no hospital. Entrei 21:30 e sai 19:00 do outro dia. Desde entao meu cerebro vem encarando THC como um super LSD e em tres puxadas cruzo facil a realidade comum para o outro lado do espelho. Fico inutil para tudo que nao seja o que sinto no momento. Ganho mil olhos espalhados pela pele e decodifico infinitamente o que vejo.
PRAIA
So havia experimentado entre quatro paredes ou a noite na rua rodeado pelo concreto vertical de Sampa.. Fumaça pra dentro. Depois ar da praia pra dentro. Seguro uns dez segundos e solto. Primeiro vai o ar da praia e depois a fumaça. Sempre nessa ordem. Chega a mudança. Mais rapido que com crack. Em pe sob a sombra de uma duna fui andar, ver como seria testar isso ao sol. Sem quase nenhum corpo o que me definia eram umas duas linhas finas e negras que nao tocavam a areia. Haviam partes do cenario dentro dessas duas linhas que eu era e os raios de sol me atravessaram. Isso no começo. Mais um pouco e vem o calor do sol. Cerro minhas palpebras agora de vidro e os raios se acumulam sobre elas. Ouro derretido. Litros de ouro derretido escorrendo pelo meu rosto feliz. Por ser branquelo nunca curti me expor mas aquilo era fantastico. Prazer absurdo mas diferente do prazer do ecstasy. Era como me integrar ao ambiente, tipo o Monstro Do Pantano, so que na praia.  Depois fiquei sentado olhando as ondas, o vento(eu via o vento quando ele aumentava de intensidade), e o resto. Em certos momentos a noçao que eu tinha de mim mesmo era a de ser uma mancha azul escura de tinta sendo espalhada aleatoriamente. O sol se foi e fiquei agradavelmente triste. Durante a janta tive a minha primeira larica legitima e inegavel. A comida mais gostosa da minha vida. Comi morrendo ate o tomate e eu nao como tomate. Dormi pouco mas bem e ao acordar parecia que todas as janelas estavam limpas novamente.


2 comentários:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.