quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Uma Perna Depois Da Outra.

Ontem eu subi na cadeira e mijei na mesa do bar. A mesa central daquele bar onde no dia seguinte alguem iria comer seu peixe sem saber de onde vem aquele cheiro. Gostaria de mijar, cuspir e gozar naqueles pratos saudaveis acompanhados de cerveja aguada e comentarios rançosos. Nao existem iguais e ja enjoei de sorrir pra mostrar que somos amigos. Parado na areia acompanhando o contorno da agua senti a perfeiçao transparente do que seria um revolver na tempora abrindo a janela. Gotas escuras com mar salgado e cheiro amargo em circulos. Sem camisa abaixei a mao e corri os dedos na cabeça vermelha. Nenhum calor. Talvez eu pague pra ver mendigos fodendo no lixo em troca de pedras. Eles aceitariam coleiras e cintas?

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Noite Do Foda-se.

Queriamos perder o controle e classificamos aquela noite como A Noite Do Foda-se. Alienaqtor(THC), Marroquino(2c-e e cocaina), Azeredo(2c-e) e eu(25-c e cocaina). Todos nos nos drogariamos no caminho pra algum lugar aleatorio. Testosterona reprimida em caras criativos com muita quimica na saliva.   Depois de conviver num mundo de idiotas irreais precisavamos explodir na ultra realidade. Nao ha guias confiaveis quando todos estao chapados. Rodamos pra fora da cidade e paravamos em pontos escuros onde o vento era forte e podiamos ouvir o mar. Sem lua, nuvens carregadas moldando detalhes cortados na chuva inconstante e lama subindo no carro. Meu 25-c deu a largada. Lingua amarga iluminando o cerebro arredondando luzes nas batidas sincopadas de um semi temporal. Euforia e bem estar de peixe na bolha amniótica temperada. Parecia o beco do mundo. Bar, lagoa e praia. Ninguem por perto. Quilometros de ausencia. Qualquer luz era o reflexo de zonas mudas. Marroquino preparou a carreira e deu o tiro. Outra pra mim e o amargo bateu na garganta. Narina dormente. Gengiva dormente. Boa qualidade. Azeredo procurando qualquer sinal mas nada ainda. Digo pra ele se acalmar e se preparar pruma trip longa. Novatos tem pouca fé. Partimos e caimos numa praça. Azeredo se lembra de ter ficado la com uma ex e solta um urro: ISSO É BOM!! ISSO É MUITO BOM!! Olhamos pra ele. Parecia outra pessoa. Sua voz esganiçada ficou rouca como a de um funkeiro no cio e eu vi em sua cabeça um elmo com chifres nos lados. O elmo de capricornio. EU QUERO UMA PUTA!! UMA PUTONA, NAO UMA PUTINHA!! Entre o espanto e o riso minha trip entrou num loop roçando o infinito. Era o anti-Azeredo. O macho alfa sem controle que segurava agressivamente uma cabeça imaginaria e forçava esse boquete sufocante com suas memorias. Grotesco. Quase pulou do carro e nos desafiou pra entrarmos num cemiterio. Antes de respondermos ele estava la dentro sobre um tumulo. Eu observava. Novamente na estrada e a coca tinha subido e trepava mordendo o pescoço do 25-c. Eu gritava pela janela e os pingos quase cortando meu rosto eram prazer em crescendo. Nenhuma noite é tao linda quanto a noite quimica. Alienaqtor conduzia a musica no seu note e na beira da estrada saimos. Azeredo incontrolavel gritava sobre estarmos dentro do utero de uma piranha e em cada buraco que passavamos vinha o risco de atolarmos e em cada risco o homem capricornio nos ameaçava: ISSO É UMA DOENÇA, UM CANCRO, SIFILIS OU AIDS. VAMOS TODOS NOS INFECTAR!! Eu ria e nao parava de  ver as alteraçoes surreais vindas da combinaçao NBOME/setting. Sensaçoes epicas e visoes distorcidas. Marrocos fungava e seu bem estar so perdia força pelo medo quando Azeredo gritou na frente do corpo de bombeiros: VOCES SAO TODOS UNS FRESCOS! SEUS MERDAS!! Ou quando o mesmo tava querendo brigar com um bebado num boteco para pegar a namorada sem dentes dele.  Em outra praia Azeredo desafiou Poseidon e nos chamou pra briga. Ninguem brigou com ele ate que uma viatura veio pelo mato e dois policiais nos revistaram. Encontraram so a coca e a maconha e foram embora fazendo questao de nos mostrar que nada foi roubado. Saimos de la e voltando pra lagoa pedi para pararmos. Aquele nada cortado por uma trilha de terra me puxava e quando percebi estava longe o suficiente pra nao ver carro, amigos ou suas luzes. Era como ser chamado e nao poder negar. Nao havia sentido alem do andar em si e isso me aliviava. Passei da lagoa e cheguei numa praia enorme e cinza. Eu era o editor dos meus sonhos, e temia que em qualquer momento as luzes seriam acesas e o momento passaria. Marrocos me encontrou pelo celular e Azeredo estava exausto. 2c-e é pra maratonistas e seu corpo estava quebrando. Delirios entre colegiais japonesas e Odin. Estimulos beliscavam e se pudesse se fecharia numa concha perfeita. Rodei no cel um porno pra brincar de tortura e ouvi a angustia do deus caido.  Um porco enorme cruza o carro. Falta pouco pra amahecer.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Freebase DMT E As Criaturas Flutuantes.

Eu nao tinha certeza de como fumar ou preparar aquele freebase de DMT. Sabia da facilidade de queimar tudo da maneira errada em menos de trinta segundos. Tu le uns tutoriais mas faz muita falta alguem para te guiar nos passos. Sem guia so sobrou me jogar de novo. Se fizesse merda poderia repetir ate acertar ou chegar bem perto do acerto ja que eu tava com material sobrando mesmo. Me sentia confortavel. Deitado no puff, com ar condicionado na temperatura ideal, boa musica e dois amigos na contençao.  Preparei meu micro bong sem agua e derramei menos de cem miligramas na tela. Cobri com papel aluminio e fiz uns furos. A chama do isqueiro e puxei. Nao vi fumaça mas senti o gosto parecido com plastico. DMT nos meus labios. Merda. Passou pela tela. Refiz o trabalho agora com duas telas e decidi tirar o aluminio de cima. A ideia era queimar de vez o DMT e mandar pra dentro toda a fumaça num tiro. Mesmo errando feio na primeira tentativa meu corpo ja estava diferente. Um relaxamento forte e sensaçao de irrealidade. Psicodelia ainda zero. Queimei e a fumaça veio. Menos agressiva pra garganta que maconha. Alguns segundos e fechei os olhos. Formas quase etereas flutuando e parecia que eu estava solto num espaço que se moldava com a minha aproximaçao e desejos.  Passavam imagens de "pele" semi transparente e cores fluorescentes internas. Quase criaturas abissais mas sem nenhuma agressividade. Azeredo quis conversar sobre politica com Marroquino e a trip desmoronou. Enquanto ele falava a sua representaçao grafica triturava os icones na minha mente. Queria que ele parasse imediatamente mas eu estava cheio de uma inercia lisergica absurdamente pacifica. Abri os olhos e disse para ele se calar. Serviu de nada: o forte da trip se foi. De todas as drogas que ja usei essa é sem duvida a mais delicada no que se refere ao meio externo. Ela pede relaxamento e poucas luzes. Nenhum som ou no maximo musica agradavel para voce. Mais do que nunca eu nao entendo como alguem pode viajar pra casa do caralho pra ficar no meio de um grupo de religiosos cantando musicas saidas das fantasias de um retardado com complexo de messias e beber aquele liquido com gosto de cu de porco. Me parece inimaginavel vivenciar de maneira pura a experiencia do DMT seguindo as regras do tomadores de ayahuasca. Sei que posso ir ainda mais fundo no freebase. Regularei melhor o IMAO e nao cometerei os mesmos erros na hora de fumar. E silencio absoluto como regra de ouro.