terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Noite Do Foda-se.

Queriamos perder o controle e classificamos aquela noite como A Noite Do Foda-se. Alienaqtor(THC), Marroquino(2c-e e cocaina), Azeredo(2c-e) e eu(25-c e cocaina). Todos nos nos drogariamos no caminho pra algum lugar aleatorio. Testosterona reprimida em caras criativos com muita quimica na saliva.   Depois de conviver num mundo de idiotas irreais precisavamos explodir na ultra realidade. Nao ha guias confiaveis quando todos estao chapados. Rodamos pra fora da cidade e paravamos em pontos escuros onde o vento era forte e podiamos ouvir o mar. Sem lua, nuvens carregadas moldando detalhes cortados na chuva inconstante e lama subindo no carro. Meu 25-c deu a largada. Lingua amarga iluminando o cerebro arredondando luzes nas batidas sincopadas de um semi temporal. Euforia e bem estar de peixe na bolha amniótica temperada. Parecia o beco do mundo. Bar, lagoa e praia. Ninguem por perto. Quilometros de ausencia. Qualquer luz era o reflexo de zonas mudas. Marroquino preparou a carreira e deu o tiro. Outra pra mim e o amargo bateu na garganta. Narina dormente. Gengiva dormente. Boa qualidade. Azeredo procurando qualquer sinal mas nada ainda. Digo pra ele se acalmar e se preparar pruma trip longa. Novatos tem pouca fé. Partimos e caimos numa praça. Azeredo se lembra de ter ficado la com uma ex e solta um urro: ISSO É BOM!! ISSO É MUITO BOM!! Olhamos pra ele. Parecia outra pessoa. Sua voz esganiçada ficou rouca como a de um funkeiro no cio e eu vi em sua cabeça um elmo com chifres nos lados. O elmo de capricornio. EU QUERO UMA PUTA!! UMA PUTONA, NAO UMA PUTINHA!! Entre o espanto e o riso minha trip entrou num loop roçando o infinito. Era o anti-Azeredo. O macho alfa sem controle que segurava agressivamente uma cabeça imaginaria e forçava esse boquete sufocante com suas memorias. Grotesco. Quase pulou do carro e nos desafiou pra entrarmos num cemiterio. Antes de respondermos ele estava la dentro sobre um tumulo. Eu observava. Novamente na estrada e a coca tinha subido e trepava mordendo o pescoço do 25-c. Eu gritava pela janela e os pingos quase cortando meu rosto eram prazer em crescendo. Nenhuma noite é tao linda quanto a noite quimica. Alienaqtor conduzia a musica no seu note e na beira da estrada saimos. Azeredo incontrolavel gritava sobre estarmos dentro do utero de uma piranha e em cada buraco que passavamos vinha o risco de atolarmos e em cada risco o homem capricornio nos ameaçava: ISSO É UMA DOENÇA, UM CANCRO, SIFILIS OU AIDS. VAMOS TODOS NOS INFECTAR!! Eu ria e nao parava de  ver as alteraçoes surreais vindas da combinaçao NBOME/setting. Sensaçoes epicas e visoes distorcidas. Marrocos fungava e seu bem estar so perdia força pelo medo quando Azeredo gritou na frente do corpo de bombeiros: VOCES SAO TODOS UNS FRESCOS! SEUS MERDAS!! Ou quando o mesmo tava querendo brigar com um bebado num boteco para pegar a namorada sem dentes dele.  Em outra praia Azeredo desafiou Poseidon e nos chamou pra briga. Ninguem brigou com ele ate que uma viatura veio pelo mato e dois policiais nos revistaram. Encontraram so a coca e a maconha e foram embora fazendo questao de nos mostrar que nada foi roubado. Saimos de la e voltando pra lagoa pedi para pararmos. Aquele nada cortado por uma trilha de terra me puxava e quando percebi estava longe o suficiente pra nao ver carro, amigos ou suas luzes. Era como ser chamado e nao poder negar. Nao havia sentido alem do andar em si e isso me aliviava. Passei da lagoa e cheguei numa praia enorme e cinza. Eu era o editor dos meus sonhos, e temia que em qualquer momento as luzes seriam acesas e o momento passaria. Marrocos me encontrou pelo celular e Azeredo estava exausto. 2c-e é pra maratonistas e seu corpo estava quebrando. Delirios entre colegiais japonesas e Odin. Estimulos beliscavam e se pudesse se fecharia numa concha perfeita. Rodei no cel um porno pra brincar de tortura e ouvi a angustia do deus caido.  Um porco enorme cruza o carro. Falta pouco pra amahecer.

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