sábado, 30 de novembro de 2013

Bong Trincado.

Era fumaça concentrada. Um quase desespero por qualquer coisa e a agua do bong ficando escura limpando os tiros de medio calibre que escalavam a garganta com pregos na sola. Tanta força de um utensilio aparentemente tao simples. A tosse e o voo. Varias arvores alinhadas naquela mini floresta sem sol. Genialidades por trinta segundos e a submersao quase amnesia. Seda é como futebol e barzinho com amigos.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Quando A Quimica Encontra A Fome.

Fomos pra parte mais isolada da lagoa e as nuvens preguiçosas garantiam o clima que eu queria. Sol no talo é pra quem ta firme na melanina. Por pouco nao sai albino e meu protetor solar havia acabado. Andreia e Fernanda com 25c molhando as pupilas, Marroquino esperando por milagres THC e eu nos primeiros sinais da iluminaçao metilona. 200mg pra começar. Mais 400mg de apoio aguardando no bolso. Sei que era ate exagerado mas o meu prazer so vale se for ate o fim e eu tiver apenas que me preocupar com a violencia da queda. Um local bonito tem que estar sem idiotas por perto pra mostrar do que é capaz. Funk ou pagode espalham no vento um odor tao deprimente quanto as conversas de domingo em volta da TV por jovens e velhos batendo corrida com baratas embaixo dos moveis esburacados. Ia ser ali, sob as arvores retorcidas e de frente praquela agua que ia ate a moldura do horizonte. Fernanda estendeu a canga e Andreia soltou as musicas. Passando pelo espelho Fernanda se encolheu de frio e sentou ao meu lado, encostando em mim. Andreia deitou perto da gente e e aquela bolha quase um aquario de vibe simbiotica ja ganhava formas. Marrocos parou num tronco so esperando pra ver que possibilidades sairiam da gente. Fumou mais um e foi andar pra sentir e calcular. Meu corpo tremia e nisso a pele da Fernanda tocando na minha lançava micro tentaculos de calor convidativo. Os cabelos dela eram seda e libido e aquela boca jogava meu instinto no controle. Olhei pra Andreia ali tao perto e todo meu tesao reprimido por ela ja nao estava dando a minima pra qualquer regra. Passei a mao em sua cabeça e ela sorriu. O sinal tava verde. Aproximei meu rosto e ela retribuiu. Labios, calor, texturas e suor num loop de vibe crescente, surreal, egoista e maravilhoso. Os tres se apertando querendo a fusao do prazer lisergico-serotonergico  com saliva, pequenos gemidos e maos se perdendo entre pernas. Marroquino voltou e sua expressao era a de um etiope faminto. Em poucos minutos elas tambem o beijavam e eu so conseguia pensar no quanto eu gosto da quimica moderna.

domingo, 17 de novembro de 2013

A Arvore Bem Depilada E Amanda Em Todos Os Lugares.

Ninguem fica tao exposto quanto no pico de 25c. Eu podia ter ido pra praia mas preferi ficar e observar o Vini na sua primeira trip. Nao existe nada de novo numa multidao pegando sol mas sempre posso me surpreender com as reaçoes de alguem sob efeito de psicodelicos. 75% do blotter com quantidade desconhecida de microgramas mas tava balanceado. Ceu ou inferno so dependem da pessoa que vai tomar o quadrado. Vini trampa com arte. Geralmente penso que so artistas deveriam experimentar esse caminho. É serio. Quem nao tem muita imaginaçao nao tem trip de verdade, so fica chapado, idiota, hippie, e isso pode ser feito com um copo de cachaça.  Beleza, sei que nao é exatamente assim mas pra mim da quase no mesmo. Tem uma praça na cidade que ele gosta e ia ser la. A luz tava otima, o vento macio, o clima confiavel e poucos idiotas por perto. Pra começar veio o bem estar. O cara ficava mais e mais feliz e quanto mais felicidade menos defesas e quando as defesas caem muita coisa aparece. A partida veio com os pes de Daniele. Se eu fosse um orc ate que acharia ela bonita, mas nao sou e fiquei entre o riso e um nojo divertido enquanto Vini descrevia todo empolgado suas fantasias com os pés daquela garota quase menino. Outra camada cai e Daniele abre espaço pra Renata. Renata o icone da fertilidade e sexo doce. O cheiro da grama era perfume Renata no ar levemente agitado da respiraçao Renata na mente fabrica do Vini em produçao descontrolada de delirios coloridos e quentes. Renata estava gravida novamente de um filho nao dele e o que sobriamente era aceito naquele momento era cristal sujo de desapontamento. Nao era mais o sujeito desapegado mas um pai sem crias ajoelhado em adoraçao absoluta enquanto acaricia o banco da praça se entregando a fantasia de tocar a barriga estufada de cinco meses de Renata. Minima dilataçao das pupilas e sentimento de beatitude. Cinco delicias suburbanas passam e ele fareja pelos olhos. Cada detalhe livre de julgamentos sociais. A arvore mais proxima se move, dança e se insinua. Dilataçao mediana das pupilas. Existe uma marca parecida com os contornos de uma boceta onde havia um galho. A arvore Renata tem uma boceta. Vini se levanta e vai ate la. Passa os dedos nos labios vegetais e me diz que estao umidos de seiva e vem correndo mostrar como se fosse um adolescente que acabou de tirar a mao de dentro das pernas da filha safada de um pastor. Eu ja enfiei o pau num pepino oco mas nao tive nenhuma empatia por ele. Vini estava apaixonado. Apaixonado ate o NBOME abrir a porta pra Amanda. Amanda é o fantasma de Vini. Uma relaçao autodestrutiva mais baseada em sonhos que em qualquer situaçao palpavel. Vi que algo pesado estava pra chegar e partimos pro estudio. Deitou no puff  e botei a seleçao de musicas no PC. Nao demorou muito e o que ele sentiu foi uma absurda carga emocional de anos virando dor fisica. Rangia os dentes com odio e agitava os braços tentando estrangular lembranças pontiagudas. Naqueles momento eu sei que ele seria capaz de matar alguem, principalmente o ex namorado de Amanda. Orgulho de macho ferido so sara mesmo quando ele mostra pra todos que virou o novo alfa depois de humilhar ou pisar no pescoço quebrado do concorrente, nao importa o quanto nos façam tentar acreditar em placebos civilizados. Nao adiantava ser racional com Vini, ele nao conseguia. Esperei e continuamos conversando. O alivio dele foi profundo, como quem sai leve de uma guerra escrota. Tomou o que havia sobrado do 25c e passou o resto da noite em visualisaçoes mentais  fantasticas e incrivelmente complexas.

domingo, 10 de novembro de 2013

Realidades Quimicas.

Marcus fechou os olhos e viu um tunel. Quando eu estava com ele nao havia imagens alem das captadas normalmente. Ficou introspectivo, nao disse quase mais nada e iniciou um programa interno de decodificaçao. Parecia com o meu padrao. Fui embora e as mudanças vieram. Parou pra analisar sua sombra cruzando a piscina vazia e mergulhou em novos padroes pictoricos emocionalmente linkados em sobreposiçoes. A transparencia no meio do turbilhao era o cuspe de Maya. Voltou pro quarto e finalmente entendeu o que eu quero dizer sobre perceber o mundo no formato full HD.  Ge pensou que iria morrer. Seu corpo secava por dentro e por fora e aquelas luzes intensas nao eram normais. Se agarrou em Lucas porque seu melhor amigo era a segurança no pesadelo oscilante e implorou por agua. O que ela via era a sua instabilidade manca e explicita tentando nao cair nas ruas daquela cidade tao indiferente aos seus medos. Luiz aponta para um trol inexistente e ela quase sente a respiraçao sufocada de sua angustia reprimida. Alguns segundos se passam e a garota sorri nervosa dizendo que tudo esta bem. Marroquino me pergunta pela oitava vez sobre o que ela havia acabado de dizer enquanto tenta tirar as cinzas do cigarro que nao acendeu. Serotonina e dissociaçao molhadas em vinho verde. Ele esta feliz. Exclama sobre o absurdo de artificialidades perfeitas e decide se testar na praia. É noite e sabe que nao ira dormir pelas proximas doze horas. Isso nao tem nenhuma importancia. Serao horas agradaveis perdido em si mesmo. Harlem vai entrar em panico. Emoçoes zipadas se descompactando sem controle e tudo sera jogado na pricipal avenida da vila. Esta quase correndo e as pupilas estaladas refletem irrealidades pungentes. Tenta atravessar a rua na frente do primeiro carro mas seguro seu ombro. Fita minha mao numa carranca histrionica e acho que vai me agredir. Tenta atravessar de novo na frente de outro carro e repito o gesto. A expressao ganha definiçao e solta palavras de contorno. Homofobia. Sem outro carro vindo ele cruza a pista e ve em cada bairro dedos manipuladores das pressoes sociais que aguentou por decadas. Quase grita pra grupos de amigos vestidos como mendigos jogados em calçadas e escuta o desespero quando nota que estou fardado como um general nazista incumbido de sodomiza lo e carrega lo pro inferno cristao de seus pais.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Suor E THC.

Eu gosto de regras, mas so das minhas regras. Eu gosto de maconha e por isso fumo tao pouco, tao controladamente, ate que veio essa garota com sotaque carioca carregado e suas tatuagens. Mulher com sotaque carioca faz voce pensar quase automaticamente em como sexo pode ser sujo e bom. Dois dias atras eu havia dropado cristais malhados de MDMA, derretido e ainda me recuperava. Mas eu estava la com ela, naquela praça deserta. Sentada na mesa apertando o cigarro e os dreads sobre a clavicula. Acendeu a ponta, puxou e passou. Olhei pra ela e me segurei. Queria beija la chapado. A onda chegou e nem reparei o rosto dela encostado no meu como tambem  nao percebi o momento em que quase tiramos nossas roupas na espera do taxi. Entao nao havia mais ruas ou carros mas um colchao molhado e minha boca deslizando entre pernas suadas. Nenhum dos dois conseguia parar. Eram movimentos compulsivos, automaticos e fora de conexao com qualquer outro tempo que nao fosse o nosso. Toda experiencia sinestesica do THC condensada nas possibilidades do toque. As vezes pensava que ia desmaiar e outras que minha cabeça explodiria. Metia e confundia o agora com uma corrente continua marcada pelos gemidos do proximo orgasmo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

350mg.




Uma Ferrari, uma mansao, ganhar na loteria ou orgias com as dez mais gostosas e depravadas. Eu converteria tudo isso em quatro letras: MDMA.  Por que? Porque nao quero status eu quero derreter em prazer bruto e invadir o paraiso chutando toda a inutilidade sagrada e ocupar o trono de deus. Nao é pretensao, é metilenodioximetanfetamina. E finalmente eu havia conseguido 1gr em cristais. 88,4% de pureza mas tava otimo. Com 150mg eu teria o suficiente pra invocar o diluvio serotonina e me deixar bem quieto la no fundo triturando o maxilar. Convoquei Marroquino pra Jihad hedonista e percorremos a cidade feia atras de um local pro mergulho. Paramos numa balada wannabe playboy. Garotas deliciosas com olhares bovinos e carinhas  malhados em roupas de grife mas com a personalidade de um escarro que nunca sairá da garganta.  Entramos e saquei o lugar. Iluminaçao amadora, palco preparado pralguma banda merda e seguranças em cada canto. Fodam-se os seguranças. Eu poderia pendurar os cristais na orelha e nao seria ameaçado. Realmente fiquei na duvida se nao seria um grande erro usar aquilo no meio daquela pecuaria de novilhos bebados mas Marroquino ja mandava os dele pra dentro. Segurei pra ver qual é. O que o DJ tocava poderia ser interessante pra minha tia mais velha. Acredito que DJs de cidades pequenas fariam um belo tributo a musica se enforcando em banheiros de hotel. Em silencio. Começou a rolar forro universiterio. Marroquino pulava e eu fiquei feliz por ele mas me imaginei com o corpo cheio de bombas explodindo no meio da pista. Olhei a hora e vi que se eu nao tomasse agora ficaria muito tarde e num ato de fé abri o plastico e despejei  o amargo na garganta. Pronto. Eu ia ficar chapado no meio de pessoas que me fazem pensar em genocidio. Observei Marroquino e vi que a vibe dele nao aumentava quando ja devia estar no pico. O que estava rolando? Vieram os primeiros sopros da minha brisa e tao rapido quanto chegaram se foram. Meu dealer preferido me enganou? Errei na dose? O pior é que eu tinha prometido ao Marroquino a melhor trip de prazer da vida dele e terminaria nesse fiasco? Nao comigo. Saimos de la correndo, pegamos um taxi e catei os 700mg restantes de MDMA. Botei uns 350mg para cada e tomamos. Antes uma OD que ficar no vacuo. Taxi de novo e a mesma balada. Mal chegamos la e Dionisio ja veio me abraçando com cara de puta que quer te prender com uma foda de quebrar quadril. Senti que chovia em mim e cada gota me levava mais perto de um orgasmo. Nada daquele orgasmo basico que vem do pau, mas um gozar absoluto, azul e completamente refrescante. A banda tocava funk mas o que importava era a vibraçao da musica. Ondas sonoras como punhetas etereas excitando celulas e dissolvendo moralidades agonizantes. Os olhares de estranhamento das ovelhas nao eram mais que felicitaçoes por eu ter cruzado a fronteira invisivel e o flerte entre casais soava como a primeira silaba balbuciada por uma criança esqualida em alguma regiao faminta da Africa. Marroquino sorrindo era o proprio Cheshire e demos uma volta no salao. Nossos pes nao eram carne e ossos mas algodao e verdades nao mais represadas fluindo ate nossos olhos. A banda foi embora e encostei no palco vazio. As caixas de som ficavam na altura das minhas pernas e a pressao que soltavam em minhas panturrilhas envergonhava os melhores boquetes das melhores putas. Saimos de la e Marroquino maravilhado por nunca ter reparado na beleza daquele ceu amanhecendo ou nos detalhes ocultos daquela avenida geralmente tao cinza.