segunda-feira, 4 de novembro de 2013

350mg.




Uma Ferrari, uma mansao, ganhar na loteria ou orgias com as dez mais gostosas e depravadas. Eu converteria tudo isso em quatro letras: MDMA.  Por que? Porque nao quero status eu quero derreter em prazer bruto e invadir o paraiso chutando toda a inutilidade sagrada e ocupar o trono de deus. Nao é pretensao, é metilenodioximetanfetamina. E finalmente eu havia conseguido 1gr em cristais. 88,4% de pureza mas tava otimo. Com 150mg eu teria o suficiente pra invocar o diluvio serotonina e me deixar bem quieto la no fundo triturando o maxilar. Convoquei Marroquino pra Jihad hedonista e percorremos a cidade feia atras de um local pro mergulho. Paramos numa balada wannabe playboy. Garotas deliciosas com olhares bovinos e carinhas  malhados em roupas de grife mas com a personalidade de um escarro que nunca sairá da garganta.  Entramos e saquei o lugar. Iluminaçao amadora, palco preparado pralguma banda merda e seguranças em cada canto. Fodam-se os seguranças. Eu poderia pendurar os cristais na orelha e nao seria ameaçado. Realmente fiquei na duvida se nao seria um grande erro usar aquilo no meio daquela pecuaria de novilhos bebados mas Marroquino ja mandava os dele pra dentro. Segurei pra ver qual é. O que o DJ tocava poderia ser interessante pra minha tia mais velha. Acredito que DJs de cidades pequenas fariam um belo tributo a musica se enforcando em banheiros de hotel. Em silencio. Começou a rolar forro universiterio. Marroquino pulava e eu fiquei feliz por ele mas me imaginei com o corpo cheio de bombas explodindo no meio da pista. Olhei a hora e vi que se eu nao tomasse agora ficaria muito tarde e num ato de fé abri o plastico e despejei  o amargo na garganta. Pronto. Eu ia ficar chapado no meio de pessoas que me fazem pensar em genocidio. Observei Marroquino e vi que a vibe dele nao aumentava quando ja devia estar no pico. O que estava rolando? Vieram os primeiros sopros da minha brisa e tao rapido quanto chegaram se foram. Meu dealer preferido me enganou? Errei na dose? O pior é que eu tinha prometido ao Marroquino a melhor trip de prazer da vida dele e terminaria nesse fiasco? Nao comigo. Saimos de la correndo, pegamos um taxi e catei os 700mg restantes de MDMA. Botei uns 350mg para cada e tomamos. Antes uma OD que ficar no vacuo. Taxi de novo e a mesma balada. Mal chegamos la e Dionisio ja veio me abraçando com cara de puta que quer te prender com uma foda de quebrar quadril. Senti que chovia em mim e cada gota me levava mais perto de um orgasmo. Nada daquele orgasmo basico que vem do pau, mas um gozar absoluto, azul e completamente refrescante. A banda tocava funk mas o que importava era a vibraçao da musica. Ondas sonoras como punhetas etereas excitando celulas e dissolvendo moralidades agonizantes. Os olhares de estranhamento das ovelhas nao eram mais que felicitaçoes por eu ter cruzado a fronteira invisivel e o flerte entre casais soava como a primeira silaba balbuciada por uma criança esqualida em alguma regiao faminta da Africa. Marroquino sorrindo era o proprio Cheshire e demos uma volta no salao. Nossos pes nao eram carne e ossos mas algodao e verdades nao mais represadas fluindo ate nossos olhos. A banda foi embora e encostei no palco vazio. As caixas de som ficavam na altura das minhas pernas e a pressao que soltavam em minhas panturrilhas envergonhava os melhores boquetes das melhores putas. Saimos de la e Marroquino maravilhado por nunca ter reparado na beleza daquele ceu amanhecendo ou nos detalhes ocultos daquela avenida geralmente tao cinza.





















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