quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Entendendo Kurtz.

Cada som que eu escutava tinha o grito de um alarme. O vento tremendo a barraca desfiava tensoes tao finas que eu so as via juntas agora. Andando pela praia com aquela lua quase dava pra ignorar. Sentamos perto de uma pedras na areia. Parecia uma mesa com cadeiras baixas e sei que era lindo mas eu nao conseguia parar de apertar o facao ou soltar a lanterna. E nao precisava da lanterna com tanta claridade. Estava com Paula e estava seguro mas a maconha fez algo comigo e eu ia perder o controle pela primeira vez. Eu precisava me proteger mais do que precisava de ar ou do meu sangue correndo mas me segurei e disse que queria voltar e deitar porque estava com frio. O caminho de volta passava por uma estrada e la longe brilharam farois. Tudo em mim era urgencia por sair de la e se eu nao escondesse o facao o carro pararia e um grupo armado saltaria e me fatiaria ou nao pararia e ganhando velocidade nos atropelaria ou chamaria a policia que colocaria fogo em nos e na barraca sumindo com qualquer prova dos assassinatos facilmente. O unico sentido era correr e nao parar e um clarao amarelo sujo tampou minha logica. Fugir. Fugir. Cego e estupido descobrindo que a base de qualquer movimento é o medo. Que qualquer ato nobre, arte ou altruismo sao tintas de falsa dignidade floreando o horror absoluto de onde nasce o ego.

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