domingo, 29 de setembro de 2013
Belezas Ordinarias.
As primeiras coisas que vejo quando acordo sao mentiras. Ou meias verdades. Sao as informaçoes necessarias pra minha funcionalidade. Comer, procurar proteçao e tentativas de integraçao no cortador de duvidas. O mundo reproduzido num video de celular barato. Definiçao suficiente pra voce pensar em preto e branco ao som de adolescentes com corpos de chimpanzes disformes gritando por orgias em chiqueiros sob holofotes sufocantes. Se excite e dance com porcos. Hoje eu tive a ideia insistente de atravessar o espelho e ver prostitutas se contorcendo e expondo suas bocetas tristes em palcos rançosos. Marroquino chegou e dropei quase todo o meu ticket 25c. Meu pe esquerdo tinha passado a fronteira e meu corpo ja tremia. Sempre tenho esse frio quase descontrolado pra me dar boas vindas. Encaro como um grande amigo levemente inconveniente mas altamente confiavel. Puteiro. Putas. Mau gosto. Nos sentamos e uma vem dar boas vindas. Baixa com pernas grossas e pele seca. Eu via as ranhuras e troquei palavras diplomaticas. Outra com rosto suino e coxas quentes me disse que eu parecia seu primo. Me senti um pouco ofendido com isso. Funk e frases estupidas cercavam com arame farpado minha vibe que se debatia. Nao estava dando certo. Marroquino queria fumar um e vi nisso a chance de fuga. Partimos e dentro do carro ele convidou as musicas certas. Eram fumaça sonora abrindo caminho pra afirmaçao do invulgar num crescente de alivio pré jubilo. A estrada brilhava e o outro pé tambem atravessou a fronteira. Os abraços inesqueciveis da quimica. Marrocos sempre foi um pouco paranoico sobre onde desbolotar a maconha. Ve policia em pipoqueiros e nessa neura estavamos fora da cidade passando por caminhos solitarios e escuros. A real é que nunca fiquei tao feliz pela neura dele. Enquanto o carro deslizava pelo semi vacuo eu tinha insights pra escrever varios livros e as arvores desnudadas pelos farois carregavam a harmonia de decadas que se escancaravam obscena e gentilmente pras minhas pupilas famintas. Chegamos. Um caminho entre canaviais enormes e uma BR no fim da visao. A escuridao bebia do 25c e com dez dedos puxava de forma amante conexoes timidas mas resistentes na melhor combinaçao em carbono. Sabia que tava frio mas o que deveria ser desagradavel se convertia em possibilidades quase orgasticas de trip e os menores estimulos agregavam links perdidos em neuronios caidos ou sem esperança. E eu via esses filamentos de conhecimento se multiplicando intrincadamente numa rede prateada. A trilha sonora substancialmente religiosa gregoriana ou budista botou em rubro conceitos sobre certo e errado na devoçao ao nada e auto anulamento pra se descarnar completamente na abobada da amplitude absoluta. Eu delirava e frases saiam em descontrole enquanto minhas maos se contorciam empurradas pela sonoridade ambiente. Sacris Solemnis era eu e a paisagem e de repente Marroquino gargalha e percebo que sou um frito dançando na neblina em espasmos suaves sob um ceu sem lua.
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